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terça-feira, 10 de junho de 2014

TENDÊNCIA CAMBIAL

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
12/06/2014

Qual a tendência cambial para o final de 2014? Após a forte depreciação do Real, iniciada em maio de 2013, quando a moeda nacional saiu de um patamar de R$ 2,00 para níveis ao redor de R$ 2,40 em alguns momentos daquele ano, a variação cambial no país se estabilizou, nas últimas semanas, ao redor de R$ 2,22 por dólar. Sabe-se que tal valor se deve muito as constantes intervenções do Banco Central brasileiro (ofertando dólares no mercado) no sentido de estabilizar a moeda nacional. Isso porque uma depreciação mais aguda do Real impacta negativamente na inflação nacional, cujo índice oficial já se aproxima do teto da meta (6,37% no acumulado de 12 meses encerrado em maio/14). Todavia, pelo cálculo da paridade de poder compra, embora suas limitações, o câmbio no Brasil deveria estar hoje ao redor de R$ 2,75 por dólar, tomando-se como ponto de partida janeiro de 1999, mês em que o Brasil ingressou no sistema de câmbio flutuante. Ou seja, por esse cálculo o Real está ainda sobrevalorizado em 23,9%. Nesse sentido, há espaço para novas depreciações da moeda nacional até o final do ano. Para tanto, a saída de dólares deve ser maior do que a entrada, sem que o Banco Central consiga estancar o efeito com a venda de reservas cambiais. Nesse sentido, se é verdade que, terminada a primeira semana de junho, o déficit comercial é de US$ 4,13 bilhões (saída de dólares), também é verdade que nas últimas semanas vem ocorrendo uma melhoria em tal saldo. Além disso, se o recuo da demanda nacional continuar a crescer no restante do ano, em função da elevação da inflação, as importações poderão diminuir mais do que o esperado. Quanto ao movimento do câmbio (comercial e financeiro), o saldo geral ainda está positivo em US$ 4,03 bilhões nos primeiros cinco meses de 2014. Porém, no mesmo período do ano passado tal saldo era positivo de US$ 12,17 bilhões. Por sua vez, devido a perda de confiança do investidor internacional na economia brasileira, há espaço para uma menor entrada de investimentos externos diretos (capital produtivo) no país neste ano, assim como de capital especulativo. Nesse último caso, o aumento do juro básico, hoje em 11% ao ano, e sua provável retomada após as eleições de outubro, podem reverter tal processo. E por falar em eleições, a julgar pelo comportamento do mercado financeiro até aqui, caso haja reeleição da presidente Dilma, em não havendo sinalização consistente de reformas profundas na economia, pode acelerar a saída de dólares do país. Enfim, resta ainda quantificar que volume de dólares os torcedores estrangeiros deixarão no país por ocasião da Copa do Mundo que se inicia neste mês de junho. Pelo sim ou pelo não, o fato é que o Banco Central não poderá baixar a guarda se quiser manter o câmbio nos atuais níveis.


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