Prof.
Dr. Argemiro Luís Brum
26/06/2014
Os resultados ruins do
medíocre PIB do primeiro trimestre de 2014 não param na baixa taxa de
investimento, como vimos no comentário passado. Igualmente a construção civil,
que sustentou parcialmente o emprego e a economia nos últimos anos, a partir
dos programas sociais oficiais, confirma os sinais de que seu auge passou há
algum tempo e a bolha vem murchando. Seu crescimento foi negativo em 0,9% neste
primeiro trimestre do ano. E, para piorar o cenário, a taxa de poupança
nacional ficou em míseros 12,7% do PIB no trimestre, se constituindo no pior
resultado desde o ano 2000 (ano que a série histórica iniciou). Também aqui, o
ideal para as necessidades do país é uma taxa ao redor de 25% do PIB. Esse
conjunto de péssimos resultados econômicos nos traz muitas conseqüências a
serem administradas. Dentre elas, a primeira surge no aumento do desemprego e
na redução da geração de empregos. Que o Brasil nunca esteve em pleno emprego
isso é sabido. Porém, agora os números atuais confirmam que o péssimo
crescimento econômico, aliado a um aumento exagerado dos salários sem
contrapartida na melhoria da produtividade do trabalho, obriga o setor
produtivo a cortar definitivamente postos de trabalho. Em abril passado a
geração de empregos no país foi a pior em 15 anos para um mês de abril. O
desemprego medido pelo IBGE (Pnad Contínua, que acabou voltando a ser feita)
acusa 7,1% no primeiro trimestre deste ano, contra 6,2% no último trimestre de
2013. Para o DIEESE o desemprego anual atinge, no encerramento de abril, a
11,1%. E o quadro deverá piorar nos próximos meses (se não houver maquiagens
oficiais dos índices) a julgar pelo comportamento das empresas e do mercado.
Afinal, com um PIB desta envergadura (projeção de 1,2% para 2014) não há como
manter empregos, particularmente porque o fôlego oficial de sustentar a
economia via dinheiro público igualmente se esgota. Para piorar o quadro, a
inflação continua subindo a ponto de comprometer o próprio PIB (o IPCA chega
6,37% no acumulado de junho/13 a maio/14). E não será a decisão momentânea do
governo, de manter a Selic em 11% ao ano, que resolverá o problema. Tudo isso
confirma nossos alertas anteriores de que há muito tempo o governo brasileiro
está perdido na condução da política econômica nacional. Não é por acaso que o
capital internacional sai do país em proporções maiores do que o normal. Os
investidores receiam que esta péssima realidade econômica continue, caso o
atual governo seja reeleito para mais quatro anos. E eles não estão sozinhos
nesta análise. Cada vez mais brasileiros, que vivem diretamente a realidade
nacional, demonstram tal preocupação. Nesse contexto, qualquer que seja o
governo eleito em outubro terá que realizar reformas profundas e doloridas para
recuperar o país da situação em que foi colocado nos últimos anos. Se nada for
feito, aí sim veremos o que é crise econômica.