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quarta-feira, 21 de maio de 2014

A GLOBALIZAÇÃO NÃO É UMA OPÇÃO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
22/05/2014

Em 2001 escrevi um livro em que destacava que o processo de globalização da economia mundial gerava transformações irreversíveis. Agora, uma interessante obra, escrita pelo ex-ministro Hubert Védrine, do ex-governo socialista francês François Miterrand, chama a atenção para o mesmo fato (cf. Le Monde, 12/04/2014). Analisando a França ao mesmo tempo analisa intrinsecamente a maioria dos países do mundo, incluindo o Brasil. Países que possuem déficit comercial constante, finanças públicas em déficit crônico, dívida pública elevada em relação ao PIB, despesas públicas igualmente muito elevadas em relação ao mesmo PIB, impostos em demasia e crescendo, taxa de desemprego real importante, e custo do trabalho superior à sua produtividade perdem competitividade no cenário mundial. A intervenção do Estado na distribuição da renda, via programas sociais, embora importante e necessária, quando feita sem cuidados, transforma o país em uma região de baixa competitividade. E mais, em assim fazendo, o país não conseguirá, por muito tempo, financiar tais transferências de renda, retrocedendo socialmente. Para manter o Estado do Bem-Estar Social ou algo semelhante é necessário que as empresas e o Estado se tornem competitivos. Para tanto, reformas profundas na economia e na ação estatal se fazem prioritárias. Os países que entenderam que a globalização é irreversível já fizeram tais reformas e avançam, mesmo em meio às crises cíclicas da economia. Esses países se prepararam para a concorrência aguda que se tornou a economia globalizada. Por que outros países assim não o fizeram? Geralmente porque parte de suas lideranças se nega a entender que o mundo mudou nas últimas décadas. Muitos se limitam a julgar que reformar o Estado (inclusive o do Bem-Estar Social), para diminuir o custo do trabalho, é se submeter ao modelo econômico capitalista. Ao assim fazerem se deixam cegar pela ideologia, não percebendo que tantos outros buscaram, em primeiro lugar, adaptar suas economias às condições de criação de riqueza no mundo do século XXI. Eles o fizeram por realismo, não por sujeição a esse ou aquele modelo econômico. O fizeram para poder participar de um ambiente que hoje chamamos de globalização da economia. Acreditar que resistindo à mesma teremos sucesso é a maior das utopias. Ora, a globalização é o ambiente em que se vive e não uma opção. E ela está em constante mutação, levada pelos avanços tecnológicos e pela dinâmica da própria economia. Imaginar que esse mundo econômico vai desaparecer é quimera, é pensamento mágico que não leva a nada. O destino de países como o Brasil, nesse contexto, é a economia global, de mercado competitivo. Nos últimos 20 anos fizemos a primeira parte do desafio, que foi estabilizar a economia. Todavia, continua a nos faltar a realização da segunda parte, que compreende as reformas estruturais do Estado e do funcionamento desta economia, para que se garantam os avanços sociais de forma sustentável sem perdermos a competitividade produtiva.

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