Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
17/10/2013
Entramos no último trimestre de 2013 e
os números de nossa economia começam a se consolidar. E a grande maioria deles
não é boa! O crescimento econômico (PIB) deve mesmo fechar o ano entre 2% a
2,5%. E isso graças a ótima safra de grãos do último verão, pois a indústria e
os serviços indicam quase paralisia em relação ao ano anterior. Mesmo assim, um
PIB nacional muito aquém do necessário, hoje ao redor de 6% a 7% ao ano. Além
disso, um crescimento pífio se considerarmos que a base de comparação é o 0,9%
de PIB registrado em 2012. A
inflação, mesmo atingindo a 5,86% em 12 meses, após o encerramento de setembro,
ainda está acima do registrado no ano passado e com pressão altista já que o
índice IPCA de setembro foi superior ao de agosto. Além disso, a meta buscada é
os 4,5% anuais, algo que não se alcança há anos. Os juros, como sabido,
voltaram a subir significativamente visando conter a inflação. Assim, a Selic
já é de 9,5% ao ano, podendo fechar 2013 em 10%, após iniciar 2013 em 7,25%.
Com isso os demais juros voltaram a subir servindo de freio à economia para
2014, fato que já leva o mercado a projetar um PIB futuro de igual dimensão do
que será no ano em curso. A
balança comercial deverá fechar o ano, na melhor das hipóteses, com um saldo
comercial de apenas US$ 2,0 bilhões. O pior desde o ano 2000. Com isso, a
balança de transações correntes terminará 2013 no seu pior resultado histórico,
ou seja, um déficit que superaria os US$ 70 bilhões. Ao mesmo tempo, a dívida
interna, alimentada particularmente pela emissão de títulos públicos, na falta
de reformas estruturais que enxuguem o custo do Estado, deverá alcançar
igualmente o recorde de R$ 2,2 trilhões, ultrapassando os 50% do PIB.
Paralelamente, a dívida externa deve encerrar o período ao redor de US$ 311
bilhões, contra US$ 257 bilhões em 2010. Menos mal que as reservas
internacionais somavam US$ 373 bilhões em agosto. Ao mesmo tempo, o modelo de
crescimento baseado no consumo interno se esgotou, com uma grande parcela das
famílias brasileiras endividadas e outras tantas inadimplentes. No Rio Grande
do Sul, o endividamento das famílias consome, neste momento, 45% de sua renda
mensal. Junto a isso, com a paralisação dos setores industrial e de serviços, o
desemprego vem aumentando. Na área industrial, em agosto, o mesmo aumentou 0,6%
se consolidando no pior resultado mensal desde abril de 2009. No acumulado do
ano (primeiros oito meses de 2013) o desemprego industrial cresceu 0,8% sobre o
mesmo período de 2012. Enquanto isso, agravado pela proximidade das eleições
presidenciais de 2014, as ações necessárias de ajustes estruturais na economia
não saem, aprofundando o país no subdesenvolvimento. Nem mesmo a política
social de “bolsas” conseguiu impedir que, neste último ano, a renda voltasse a
se concentrar, pois em 2012, segundo o IBGE, o rendimento dos trabalhadores que
estão na faixa do 1% que ganham mais subiu impressionantes 10,8%. Dito de outra
maneira, o Brasil definitivamente atolou.