Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
15/08/2013
Hoje a evolução do mundo, em busca de
uma saída definitiva da crise instalada há seis anos, nos mostra o seguinte
quadro: os EUA iniciam uma lenta, porém, aparentemente segura recuperação; a
União Europeia parece iniciar uma saída da recessão, que será demorada e
dolorosa para sua população, pelos ajustes econômicos duríssimos a serem
feitos; o Japão volta a crescer, porém, esperava fazer melhor; e os emergentes
diminuem consideravelmente seu ritmo de crescimento, alguns até mesmo mudando
de modelo de crescimento. No caso do Brasil, o esgotamento do crescimento
econômico pelo consumo interno requer novas ações para dinamizar tal mercado, o
que passa por reformas estruturais que não ocorrem, fato que freia o país. E
apostar apenas no empuxe do mercado externo, que tende a demorar ainda, já não
é mais suficiente. Na China, o PIB deixa para trás a fase do crescimento a mais
de 10% ao ano, que ilustrou o país entre 1990 e 2010, reduzindo o mesmo para
níveis ao redor de 7% anuais daqui em diante. E isso requer atenção do resto do
mundo, pois se trata da segunda maior economia do Planeta. Após contribuir
largamente para puxar a economia mundial, debilitada pela crise, o país do
Oriente apresenta indicadores econômicos em recuo, tanto na demanda interna,
quanto nos preços à produção, nos créditos para investimento e em outros
aspectos. A diferença de tal processo, em relação ao Brasil, é que aqui as
coisas acontecem à revelia do governo, com o mercado nos puxando para baixo
apesar dos esforços oficiais contrários. Na China, a mudança é desejada e está
nos planos oficiais. É claro que a mesma tende a causar impactos negativos no
resto do mundo, acostumado a ter no mercado chinês uma tábua de salvação.
Todavia, as mudanças ali ocorridas vêm de causas estruturais, e tendem a ser
positivas para todos no longo prazo. Senão vejamos: os salários locais estão se
elevando, reduzindo a competitividade do produto local perante o mundo; a moeda
vem se valorizando constantemente nos últimos tempos, reduzindo a
competitividade dos produtos locais via câmbio; a política de crédito a
qualquer preço se reduziu bastante; e há uma redução na rentabilidade do
capital numa economia marcada por um excesso de investimentos em
infraestruturas. Na prática, segundo analistas internacionais, a China estaria fazendo
uma lenta passagem de um modelo de crescimento para outro (cf. Le Monde). Ou
seja, sua economia estaria deixando de ser puxada pelos investimentos e a
exportação, para privilegiar um modelo de consumo interno, acrescido pelo
início da instalação de um “Estado-providência”, com ênfase na saúde e na
aposentadoria, no estilo europeu. A ideia é dar uma resposta concreta às
necessidades de um país onde a população em idade de trabalhar diminui e o meio
ambiente natural se degrada rapidamente. Em outros termos, a China se
“normaliza” após um “boom” econômico avassalador nos últimos 20 anos. Cabe ao
mundo se adaptar a esse novo cenário!