Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
30/05/2013
A moeda brasileira, nas últimas duas semanas, passou a apresentar uma
rápida desvalorização, tendo chegado ao início da manhã do dia 29/05 a R$ 2,077
por dólar. Esse valor não era visto desde meados de dezembro do ano passado. Na
ocasião, o movimento de valorização do Real, que chegou a bater em R$ 1,95 em
meados de fevereiro e em parte da primeira quinzena de março, foi motivado pela
forte presença do Banco Central brasileiro no mercado cambial, vendendo dólares
em busca de uma revalorização da moeda nacional a fim de conter o processo
inflacionário que já estava avançando no Brasil. Um Real mais forte torna os
produtos importados mais baratos, ajudando a conter os preços internos, já que
importamos de tudo (desde palito de dentes até gasolina e óleo diesel). Mas a
economia brasileira, na virada do ano, passou a ser motivo de preocupação no
cenário internacional. O mercado está em dúvidas quanto à capacidade do atual governo
em controlar a estabilidade, acusando-o inclusive de maquiar dados econômicos,
a começar pela inflação. Assim, alguns fatos estariam na origem desta
desvalorização do Real, que já alcança um nível indesejado. O primeiro se
encontra no movimento do capital internacional. Em dúvida quanto à condução da
economia nacional, os investidores internacionais, especialmente o capital
especulativo, saem do Brasil em maior quantidade do que entram. Isso ajuda a
explicar igualmente a constante fraqueza da Bovespa nos últimos tempos. Outro
fato é que o governo brasileiro, considerando um câmbio aceitável ao nível de
R$ 2,00, interrompeu a venda de dólares, porém, não parou de colocar em prática
uma política que busca o crescimento da economia a qualquer custo, sem termos
as condições estruturais para isso. Enfim, a economia dos EUA começa a se
recuperar, mesmo que lentamente, e o governo local ameaça cortar os estímulos à
mesma. O Banco Central estadunidense, que coloca mensalmente US$ 85 bilhões em
circulação, através da compra de títulos do Tesouro, para irrigar a sua combalida
economia, ameaça interromper tal compra. Ora, parte deste dinheiro mensal era
deslocada para fora do país, em busca de ganhos fáceis, sendo o Brasil um dos
seus pontos de ancoragem, mesmo com a redução dos juros até março passado. Isso
explica porque o dólar se valorizou também perante outras moedas do mundo,
inclusive o euro. Para o governo brasileiro, o patamar ideal de flutuação do
Real seria entre R$ 1,95 e R$ 2,05. Nesse contexto, é provável que a retomada
da elevação dos juros no Brasil corrija, em parte, o câmbio até o final do ano,
pois tende a atrair mais dólares. Além disso, no curtíssimo prazo, se a
desvalorização do Real continuar, o Banco Central brasileiro deverá entrar no
mercado novamente vendendo dólares, usando as reservas cambiais nacionais que somam
US$ 375,2 bilhões.