A Petrobras anunciou, praticamente ao mesmo tempo, a proposta de nova metodologia de preços para os combustíveis no país, e uma redução nos preços dos mesmos, incluindo o gás. Isso gerou certa confusão na população. A redução dos preços nada tem a ver com a nova proposta. Ela ocorre ainda dentro da metodologia existente, que é a da Paridade dos Preços Internacionais (PPI). Ocorre que, nestas últimas semanas, os preços internacionais do petróleo recuaram bastante e o câmbio, no Brasil, valorizou o Real. Isso permitiu a redução dos preços dos insumos citados. Em 12/04 o barril de petróleo Brent batia em US$ 87,50 no mercado mundial, contra US$ 74,72 em 16/05, e o câmbio saiu de R$ 5,20 no início do ano para R$ 4,89 no dia 15/05. Já a respeito da nova proposta de preços saliento: a) o anúncio do abandono do sistema da PPI causa preocupações e a nova proposta ainda está nebulosa; b) decisão semelhante, no passado, causou grande estrago à saúde da Estatal, pois a prática acabou virando subsídio de preços, deixando de acompanhar os valores internacionais, o que foi muito ruim para a Petrobras e todos os brasileiros no longo prazo. Afinal, não há almoço grátis; c) se abandonar todos os elementos que compõem a Paridade Internacional, a Estatal e os brasileiros terão problemas logo adiante. Talvez por isso, o presidente da petroleira tomou o cuidado de informar que a empresa seguirá os parâmetros internacionais do preço do petróleo, o que pode significar, na prática, poucas mudanças; d) na nova sistemática “os preços serão atrelados aos valores competitivos por polo de venda, tendo em vista a melhor alternativa aos clientes”, podendo gerar disparidades regionais (o Rio Grande do Sul, por ser fraco produtor e refinador de petróleo, tende a ver seus combustíveis ficarem mais caros do que em outras partes do país); e) por enquanto, o processo parece muito mais uma estratégia para baixar preços, a fim de reduzir a inflação e pressionar o Banco Central a reduzir a Selic (em junho há nova reunião do Copom); f) “o futuro e o sucesso do novo sistema dependem de como o novo modelo vai funcionar na prática”. Pode dar certo, mas é preciso esclarecer a proposta em seus detalhes para que se consiga realmente tirar conclusões de que a ideia venha a beneficiar os consumidores e a ajudar a alavancar a economia nacional no longo prazo.
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