:)

Pesquisar

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

PIB: EUFORIA E ALERTAS (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

O resultado do PIB do segundo trimestre de 2024 é para ser comemorado. Afinal, após as enchentes no Rio Grande do Sul e a perda de força da agropecuária no país, se imaginava um PIB entre 0,9% e 1%. O mesmo veio em 1,4%, acumulando em 12 meses 2,5%. A importância é tamanha que, se a cada trimestre a economia rodasse no nível atual, poderíamos fechar o ano em 5,7%, ou seja, largamente acima dos 4% calculados como necessários em um horizonte de sustentabilidade. No detalhe, viu-se que a indústria e os serviços responderam bem. Além disso, a Formação Bruta de Capital Fixo, ou seja, os investimentos, que apontam nossa capacidade futura de continuar crescendo, melhorou mais uma vez, registrando aumento de 2,1% em relação ao trimestre anterior e 5,7% sobre o 2º trimestre do ano passado. Ao mesmo tempo, o consumo das famílias voltou a auxiliar no empuxe do PIB ao registrar crescimento de 1,3% sobre o trimestre anterior e 4,9% sobre o mesmo trimestre de 2023. Assim, já se projeta um PIB final em 2024 entre 2,5% e 3% de avanço sobre o ano anterior. Isso vai eliminando a hipótese de que, dada à pandemia, crise fiscal, crises externas etc. pudéssemos viver uma nova década perdida entre 2021 e 2030. Ainda é cedo para certezas, porém, a fotografia dos primeiros quatro anos está longe de ser ruim, embora ainda insuficiente. Mas, há sinais de alerta! O consumo das famílias se dá especialmente pelas políticas públicas de formação de renda (bolsa família e outras), embora a geração de emprego igualmente esteja melhorando. Ou seja, o mesmo está apoiado, em boa parte, no fato de que “o governo está se endividando para trazer receita futura para o presente, para gastar mais”. Há risco de isso impedir um crescimento sustentável nos próximos anos. Por sua vez, a produção industrial ainda está longe de dar conta da demanda que surge com a melhoria da renda. Nos últimos oito trimestres, a contribuição deste setor para a taxa real de crescimento ficou em apenas 0,55% em termos médios. Ou seja, mais demanda, sem produção suficiente, é igual a mais inflação, fato que conforta a lógica de um aumento da Selic ainda neste ano, talvez acima do que se imagina. Enfim, a indústria iniciou o segundo semestre em queda (crescimento negativo de 1,4% em julho, se constituindo no pior resultado para o mês desde 2021).

Postagens Anteriores