Com o prolongamento da quarentena da população
mundo afora, diante de uma pandemia ainda sem controle (na China novos casos
voltaram a surgir), enquanto em um grande número de países (Brasil dentre eles)
o pico da doença nem ainda foi atingido, é natural que a economia sofra uma
queda brutal. É o custo material para se tentar salvar o maior número de vidas
humanas, embora isso venha afligindo, com razão, o setor produtivo e empregador.
O fato é que a humanidade não tem muitas escolhas, pois se não ataca o problema
firmemente no imediato, assumindo os custos econômicos de tal ação, irá
prolongar a crise de forma a causar estragos econômicos ainda maiores e mais
prolongados logo adiante. A questão é se chegar a um consenso sobre isso.
Infelizmente, nos países onde as mortes disparam, devido ao coronavírus, este
consenso está sendo alcançado na dor das perdas humanas. Dito isso, não é mais
novidade que, em termos econômicos, o ano de 2020 já está perdido. Além dos
números que já se divulgou neste espaço sobre os efeitos na economia chinesa e
estadunidense, agora começam a surgir projeções ainda mais estruturadas sobre
outros pontos do Planeta. Na França, por exemplo, o PIB caiu 6% no primeiro
trimestre do corrente ano, sendo o tombo de 32% somente na primeira quinzena da
quarentena feita por lá. Segundo o governo local, cada quinzena de confinamento
custa 1,5% do nível do PIB e 1% de déficit público adicional. É a pior
realidade desde 1945 (final da 2ª Guerra Mundial). Nos EUA, hoje epicentro da
doença, a situação aponta para uma depressão econômica semelhante ao crash de
1929. O Banco Mundial, em relatório desta semana, indica que o PIB brasileiro
recuará 5%, colocando o país novamente em recessão, seguindo grande parte do
mundo. A América Latina e o Caribe, juntos, verão seu PIB despencar para -4,6%
neste ano. Ainda no Brasil, somente no mês de março a Bolsa caiu 30%,
acumulando perdas de 37% no primeiro trimestre. Foi o pior trimestre de toda a
história do Ibovespa. Em março, o setor de veículos, motos e peças caiu 23,1%
sobre fevereiro. O comércio brasileiro sofreu um prejuízo de R$ 53,5 bilhões
apenas em março, um tombo de 46,1% em relação a março de 2019. O socorro
necessário do Estado, e ainda insuficiente, já eleva o déficit fiscal brasileiro
para R$ 500 bilhões para este ano, contra uma meta de déficit de R$ 129 bilhões
e contra R$ 61 bilhões no ano passado. Neste contexto, análises da FGV nos
indicam que a pandemia pode fazer dobrar o desemprego, levando o mesmo a quase
25 milhões de pessoas ou 24% da população ativa até o final do ano. Com isso, a
contração na renda dos trabalhadores nacionais será de 15%, um recorde, caso o
governo não amplie o socorro aos mesmos, o que, ao ser feito, elevará ainda
mais o déficit público. Assim, o que nos espera em 2021? (segue)
:)
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