Enquanto, em 2020, a Covid-19 levará o PIB
mundial a -3%, e no Brasil a -5,3%, consolidando uma recessão generalizada (cf.
FMI), aqui no Rio Grande do Sul, onde a doença veio associada à seca, a queda no
PIB deverá ser maior. O recuo na arrecadação em abril já atingirá entre 30% e
35%. A queda no varejo é de 25,5% no primeiro mês da quarentena, 17,7% na
indústria e apenas um pequeno aumento de 0,7% no atacado. No entanto, entre
28/03 e 03/04 o recuo na indústria foi de 41,1%, no atacado de 17,6%, e no
varejo de 38,2%. Nas áreas de eletroeletrônicos, calçados, vestuário e móveis a
queda acumulada no período é de 49,5%, enquanto as vendas de gasolina recuaram
32,6% e as de etanol em 59,3%. No período da quarentena, até o dia 03/04, o
consumo de energia elétrica no Estado caiu 36,5%, sendo que na indústria o
recuo é de 50%, segundo a CEEE. Diante de tudo isso, mesmo que a saída desta
crise seja mais rápida, ainda assim a economia nacional levará de dois a três
anos para voltar ao estágio do final de 2019, que já não era bom. É o tempo que
se levará, talvez, para recolocar o ajuste fiscal nos trilhos após a pandemia.
Isso se as reformas administrativa e tributária forem bem feitas e realizadas no
próximo ano. Este ajuste, nesta velocidade, levará a uma brutal contração dos
gastos públicos, pois o rombo mais do que quadruplicou até o momento
(calculado, agora, em R$ 600 bilhões). Portanto, a economia tende a continuar
travada por um tempo muito mais longo (o PIB de 2021 é projetado em 2,9% na
melhor das hipóteses e entre 1% e 1,5% na hipótese mais negativa). E ainda será
preciso definir quem irá pagar a conta desta recessão inesperada. As grandes
fortunas ou novamente os mais pobres, grande maioria da população brasileira?
Mais do que nunca o Brasil irá precisar do capital externo para alavancar
minimamente sua economia em 2021. Como convencê-lo a vir ao país, na quantidade
necessária, diante dos efeitos negativos da pandemia que o mundo todo sofrerá
e, especialmente, diante da postura irresponsável do presidente da República
brasileira e alguns seguidores mais ferrenhos, perante muitos investidores
internacionais, a começar pela China? O que está claro no horizonte é que 2021,
seguido talvez de alguns outros, serão duríssimos economicamente para voltarmos
a recuperar mais um tempo perdido na economia nacional. A pandemia nos atinge
exatamente em um momento em que muito fragilizados, estávamos começando a,
lentamente, iniciar um processo de ajuste fiscal. Do que fazer perder o sono
para quem pensa apenas em reeleição, a ponto de afundar na irracionalidade e
mediocridade, colocando constantemente os cidadãos em perigo sanitário, iludindo
que está “preocupado com a economia e o emprego”.
:)
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