O Covid-19 colocou a
economia mundial de joelhos em poucos meses. Diante do choque sanitário, as
decisões a serem tomadas passam a ser complexas. No Brasil, o quadro econômico,
neste início de abril, indica que, infelizmente, voltaremos à recessão. Resta
saber em que tamanho. Os cálculos preliminares e ainda insuficientes, pois
estamos apenas no início dos efeitos da pandemia, segundo as autoridades da
saúde, apontam para um PIB negativo entre -0,5% a -4,5% neste momento. Mas a
situação pode piorar. Dependendo da escolha do caminho para combater a doença.
O isolamento total (ou quase) imediato, como se começou a fazer, cria uma crise
econômica intensa, profunda, porém, com epicentro em dois meses, máximo três. O
isolamento parcial (vertical) ou nenhum isolamento como parte da sociedade, na
prática, parece querer viver, tende a nos levar a caminhar “aos trancos e
barrancos” durante todo o ano, com um custo econômico (e de vidas humanas) muito
maior do que a primeira solução. Além disso, na história da humanidade não há
nenhum registro de que a recessão econômica tenha provocado mais mortes do que
uma pandemia sanitária tipo essa. Dito isso, torna-se evidente que, e mais uma
vez, os Estados devem vir em socorro de suas economias. Isso porque a
iniciativa privada não o fará. Basta ver como os bancos estão agindo neste
momento. Desta forma, o Estado brasileiro, assim como outros, se obriga a
colocar de lado o ajuste fiscal, gastando mais e até mesmo emitindo moeda se
for necessário. Mas parece não haver outra maneira diante do tamanho do
problema que aí está. Assim, o ajuste fiscal ficará protelado por mais alguns
anos. No caso brasileiro, de um déficit ao redor de R$ 124 bilhões para 2020,
em condições normais da economia, agora deveremos atingir algo ao redor de R$
400 bilhões e, talvez mais, visando diminuir os impactos negativos da recessão.
É imprescindível auxiliar os setores produtivos, especialmente os mais
debilitados, formais e informais, para que se mantenham “vivos” na turbulência
(desde que os recursos de fato cheguem em boas condições até eles). Este ainda
é o melhor caminho, pois comprometer a vida de milhares de brasileiros e a
própria economia, buscando retomar a atividade econômica em meio à pandemia,
tende a provocar um desastre econômico muito maior, haja vista os exemplos da
China, Itália, Espanha, Reino-Unido, EUA e muitos outros. O problema é que, por
aqui, interesses eleitoreiros e obscurantistas, associados à mentiras,
incompetência e irresponsabilidade procedentes do Planalto, apoiados por
seguidores cegos pelo radicalismo, onde a emoção se sobrepõe à razão, vêm
dificultando sobremaneira a tomada da melhor decisão, apesar dos esforços do
Ministério da Saúde, de médicos, e demais profissionais do setor, únicos gabaritados,
de fato, a nos orientarem nesta crise.
:)
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