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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

2024 SINALIZANDO 2025 (Final) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

 A receita para melhorar a situação crítica das finanças públicas é clara: gasto controlado pode reduzir juro, com setor privado investindo mais e gerando emprego, sem comprometer o futuro. Mas os poderes públicos da União vêm fazendo exatamente o contrário, transferindo a todos os demais brasileiros (fora os poucos privilegiados) a conta (inflação elevada, juro alto, câmbio descontrolado, desemprego ou emprego mal remunerado, saúde e educação precárias, infraestrutura deficiente, uma reforma tributária que irá cobrar ainda mais impostos – teremos o IVA mais elevado do mundo - etc...). Segundo o governo, 2024 não teria encerrado com déficit zero e sim no limite da tolerância da meta fiscal (o arcabouço fiscal foi corrigido para que legalmente seja aceito um déficit de 0,25% do PIB em 2024, o que daria R$ 28,8 bilhões). Assim, o Banco Central entra 2025 lutando para evitar o cenário de “dominância fiscal” (esta se caracteriza quando o desequilíbrio das contas públicas é tão grande que torna a política monetária – o uso do juro como remédio para os efeitos negativos da mesma – sem efeito). Estamos quase lá, e a situação se complica ainda mais, pois muitos membros do governo (assim como de governos passados) continuam pensando que os gastos públicos podem continuar indefinidamente. Lembrando que o remédio do juro, se busca acalmar a doença no curto prazo, acaba piorando o cenário futuro, pois parte da dívida é indexada na Selic, o que faz aumentar a dívida pública (a cada um ponto percentual de aumento na Selic, a dívida sobe R$ 50 bilhões, ou seja, pelo anunciado pelo Copom em dezembro, até o final de março/25, com o aumento de 3 pontos percentuais na Selic, a dívida pública terá crescido R$ 150 bilhões somente em juros). Enfim, vale destacar, ainda, que a atual correção de rumo era para ter iniciado em 2011. Ao se fazer o contrário, se gerou uma recessão histórica entre 2014 e 2016. A partir de 2017, timidamente se iniciou uma tentativa de correção de rumo, com o “teto de gastos”, seguido doa arcabouço fiscal em 2024. Mas a forma como isso ocorre deixa a desejar. Tal realidade aponta que, hoje, não basta mais equilibrar as contas. Já é preciso gerar um superávit de 1,5% do PIB para equilibrar sustentavelmente a economia. Será 2025, finalmente, o ano da correção de rumo?

ESTA É NOSSA ÚLTIMA COLUNA DA TEMPORADA. VOLTAMOS NO PRÓXIMO DIA 10 DE FEVEREIRO DE 2025. FELIZ ANO NOVO A TODOS E TODAS.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

2024 SINALIZANDO 2025 (II) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

A projeção do Boletim Focus, para a inflação de 2025, pulou para 4,16%, enquanto o Banco Central esperaria 3,6%. Ou seja, o mercado já projeta um potencial estouro inflacionário para o próximo ano, mesmo diante do aumento do juro básico. Lembrando que os efeitos da alteração na Selic, iniciada neste ano, levam ao menos 6 meses para atingir a economia real. Para piorar o quadro, somente para 2025 o governo acena com benefícios tributários (deixa de arrecadar) de R$ 543,6 bilhões. Ora, além de não cortar gastos o suficiente e de maneira objetiva, o governo diminui a arrecadação. Já os Estados brasileiros irão abrir mão de R$ 267 bilhões em arrecadação em 2025. Será o triplo do que o foi em 10 anos. E, nos dois casos, tais benefícios pouco contribuíram para o desenvolvimento do país. Além de favorecerem, em grande parte, empresas que não precisam (muitas multinacionais), os mesmos acabaram aumentando a desigualdade, beneficiando as regiões mais ricas do país. Soma-se a isso o fato de que, para compensar tais benefícios, os governos cobram mais impostos dos demais contribuintes (alguém tem que pagar a conta). Dentre as empresas que lideram o ranking que mais recebem tais incentivos está a Braskem. Outra é a Ifood. Por área, a liderança fica com o setor de adubos e fertilizantes, defensivos agropecuários e produtos agropecuários gerais (composto em grande parte por multinacionais), segundo a Receita Federal (cf. JM, 14-15/11/2024, p. 10). Soma-se a isso o fato de existirem gastos que estão à margem da contabilidade oficial, ou seja, fazem parte da contabilidade criativa do governo, dentre eles o Fundo Garantidor, Fundo Clima, Fundo Turismo, Políticas Públicas de Estatais etc. Os mesmos têm, hoje, um potencial, de R$ 104 bilhões. E mais, segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI), nos 12 meses até setembro/24, o gasto total não obrigatório no orçamento da República somou R$ 153 bilhões, sendo que as emendas parlamentares (dinheiro cujo maior montante a Nação não sabe para onde vai) atingiu a R$ 45,7 bilhões, ou seja, quase 30% daquele valor. Enquanto isso, as emendas Pix, outro tipo de emenda que beneficia individualmente os parlamentares, são usadas para bancar festas juninas, corridas de carro, reforma de clubes e micaretas (carnaval fora de época) Brasil afora (cf. CGU). (segue)

 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 13/12/2024 a 19/12/2024


Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.

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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

2024 SINALIZANDO 2025 (I) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

A surpresa do Copom não foi o aumento de um ponto percentual na taxa Selic, levando-a a fechar 2024 em 12,25%. A surpresa veio do anúncio de que até março de 2025 teremos mais dois pontos de aumento, levando o juro básico a 14,25%, fato que permite imaginar que o próximo ano possa fechar em 15% caso o rumo do déficit pública nacional não seja alterado. Ora, no início do corrente ano, a tendência era de fecharmos 2024 com a Selic entre 8% e 9%. Então, o que houve? Além dos motivos externos, que não dominamos, como a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA, a qual carrega um potencial importante de aumento da inflação estadunidense e, por consequência, aumento do juro básico nos EUA, o grande problema são os fatores internos brasileiros. Neste caso, importante se faz destacar a incapacidade dos três poderes da República em racionalizarem o corte de gastos. Salvo honrosas exceções, os mesmos colaboram para esta crise, pois a maioria de seus membros age irresponsavelmente com o dinheiro público, achando que “dinheiro cai do céu”. Por sua vez, o anúncio de um pacote econômico insuficiente (que se tenta remendar agora, via Congresso), compromete o arcabouço fiscal definitivamente para o restante do governo atual. Isso provoca uma pressão sobre o câmbio, também alimentada pela especulação no setor, que busca tirar proveito da fragilidade das contas públicas. Com isso, o Real sofreu uma desvalorização brutal, chegando acima de 6 reais por dólar (recorde histórico nominal). Isso puxa a inflação para cima, pois encarece as importações e torna os preços de exportação mais elevados. De fato, a inflação, em 12 meses fechados em novembro, bateu em 4,87% contra o teto da meta que é 4,5%. Há potencial para fechar o ano em 5% caso a inflação oficial de dezembro venha acima de 0,20%. Como o mandato do Banco Central é manter a inflação dentro da meta, o Copom usa o juro como arma para segurá-la, já que o quadro geral piorou nestes últimos 30 dias no país. Soma-se a isso o fato de que a economia continua rodando acima de suas possibilidades (o PIB do ano deverá fechar entre 3% e 3,5%), enquanto a capacidade produtiva atual não acompanha a demanda estimulada, levando também a uma alta de preços.  Diante disso, o que nos reserva 2025? (segue)

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 06/12/2024 a 12/12/2024


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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

ACORDO COMERCIAL: CONSIDERAÇÕES (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Quando tudo levava a crer que o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia não sairia mais, eis que os dois blocos anunciam o mesmo neste mês de dezembro. Desde 1999, quando a ideia foi lançada, muitas dificuldades surgiram. E parte delas ainda não foi vencida. Mas o anúncio não deixa de ser um passo adiante e positivo, pois o livre-comércio sempre é melhor do que o protecionismo. Todavia, para o presente caso algumas considerações precisam ser feitas no momento. Por enquanto, foi o anúncio, pois a assinatura somente sairá quando juridicamente tudo estiver acertado e cada Parlamento o aprovar. E isso pode levar meses (ou anos) para a sua efetivação prática (países como a França, Holanda, Polônia, Áustria e Itália ainda se posicionam contra). Além disso, o que motivou o anúncio, agora, foi o avanço econômico da China sobre a América Latina e a eleição de Donald Trump à presidência dos EUA. Os europeus, receosos de perderem boa parte de sua influência na região, além de mercado, aceleraram o processo. Portanto, antes de interesses econômicos, os europeus apoiam o acordo por interesses geopolíticos. Dito isso, pelo lado comercial, nota-se que a entrada de muitos produtos sul-americanos, especialmente os agropecuários, não terão livre acesso ao mercado europeu. Além da abertura não ser integral, pois fala-se em redução e não retirada dos impostos existentes (o que ajuda, mas pode ser insuficiente), os europeus se reservaram o direito de manter determinadas cotas de importação sobre muitos de nossos produtos (limitação de volume importado). Ou seja, é um acordo comercial sim, porém, está longe de ser um acordo de livre-comércio (aliás, nem entre os países do Mercosul isso existe). Por sua vez, o receio é que os produtos europeus, especialmente industriais, de alta tecnologia e também alguns produtos agropecuários (vinhos, queijos, leite em pó e outros) entrem aqui bem mais livres. Um acordo precisa ser bom para ambas as partes e isso não está, ainda, claro. Mesmo assim, sempre, em ambos os lados, haverá ganhadores e perdedores, exigindo uma forte adaptação das diferentes economias. E muito depende da forma como o acordo é feito. Portanto, é preciso aprofundar a análise para ver se, e onde, teremos mais desvantagens do que vantagens, e negociar. Depois de assinado, será tarde!    

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 29/11/2024 a 05/12/2024


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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

O PACOTE E SEU TIMING (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Havia o risco, e o mesmo era elevado, de que o pacote de corte de gastos, a ser anunciado pelo governo federal, viesse insuficiente e não contemplasse as expectativas do mercado. E foi o que aconteceu! De que forma exatamente? Por um lado, o pacote é bom, pois ele tem um caráter de redistribuição mais igualitária da renda e dos ajustes, embora devesse ser mais completo e profundo. O problema está no timing (quando anunciar) em dois sentidos: demorou para ser anunciado, reduzindo o seu impacto positivo e deixando a entender que não havia consenso no meio político; e o governo errou feio ao anunciar, ao mesmo tempo, a isenção do IR para quem ganha até 5 mil reais por mês. Este, especialmente, criou uma confusão, pois passou a ideia não só de cortar gastos, mas também de que poderá aumentar o rombo diminuindo a arrecadação por esta via do IR. Este anúncio, positivo, deveria vir bem depois, já que a decisão é para vigorar a partir de 2026. Não havia sentido algum em fazê-lo agora, salvo em um quadro populista visando aliviar o impacto dos cortes. Resultado: o mercado reagiu negativamente, o dólar disparou para o recorde histórico de R$ 6,00 por dólar e a pressão inflacionária irá aumentar, em um contexto de preços em forte elevação já há algum tempo. Isso irá obrigar, no próximo dia 11/12, o Copom a anunciar um aumento da Selic provavelmente mais robusto, na casa de 0,75 a 1 ponto percentual. E, contraditoriamente ao que se busca, um juro mais alto elevará ainda mais a dívida pública, pois boa parte dela está indexada na Selic. Ou seja, ficou o sentimento de que o governo “estará enxugando gelo”. Isso coloca em cheque não apenas o pacote, como também o próprio arcabouço fiscal. Portanto, é preciso corrigir o pacote antes do Natal, pois o risco de iniciarmos 2025 em grandes dificuldades nesta área aumentou, quando deveria ser o contrário. Agora, muito está na dependência do Congresso Nacional e da capacidade de o governo dialogar neste sentido. Lembrando que, infelizmente, nosso Congresso funciona no sistema do “toma lá dá cá”, o que pode causar problemas. Enfim, é preciso dizer que o mercado exagera na dose da negativa, aproveitando-se do momento para alimentar especulações indevidas e ruins para a sociedade. A estratégia é não dar munição para que isso aconteça. Algo que o governo não soube fazer. 

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