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segunda-feira, 30 de setembro de 2024

O QUE ESCONDE A TAXA DE DESEMPREGO (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

O Brasil registra constantes quedas no desemprego geral nos últimos trimestres. O último levantamento do Novo Caged, com dados do trimestre encerrado em agosto/24, informa que a taxa de desemprego nacional caiu para 6,6%. É a menor taxa desde o início da pesquisa, em 2012, sendo que a população desocupada ficou no menor número desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015. Uma realidade positiva, que explica, em boa parte, o aumento do consumo das famílias, o qual colabora para puxar para cima o PIB anual (agora estimado entre 2,5% e 3% para 2024). No entanto, é preciso olhar estes dados com maior profundidade, para não cairmos em euforias irreais. Aliás, situação já vivida em diversos governos anteriores. Por exemplo: estes números e taxas não incluem as pessoas que desistiram de procurar emprego ou trabalham menos do que gostariam. Somente com a inclusão dos trabalhadores subutilizados, cálculo que é feito pela Pnad Contínua, a taxa de desemprego dobraria. Sem considerar que há milhões que desistiram de procurar emprego, parte acomodada com os auxílios públicos e, outro tanto, porque não encontra mesmo emprego em função de sua desqualificação. Por sua vez, a média brasileira também esconde que certos estados estão em situação pior que outros, e que o desemprego é maior para as mulheres, a população negra e os jovens com idade entre 18 e 24 anos. Ou seja, existe uma forte seleção por gênero, raça e idade. No caso das diferenças estaduais, “enquanto Santa Catarina (3,2%), Mato Grosso (3,3%), Rondônia (3.3%) e Mato Grosso do Sul (3,4%) flertam com o pleno-emprego, a taxa de desocupação é três vezes maior em Pernambuco (11,5%) e na Bahia (11,1%)” (cf. https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/09/20/). Assim, não se pode falar de pleno emprego no país diante de tais distorções, que são históricas. Se não há dúvida de que a situação vem melhorando nos últimos tempos, a tal ponto que “todos esses números combinados indicam que estamos perto do esgotamento de utilização da nossa força de trabalho” (cf. Zylberstajn, H. especialista em mercado de trabalho), também é verdade que ainda estamos longe do ideal, o que nos obriga, como sempre, ao realismo, trabalhando por um país melhor, acima daqueles que alimentam os ranços ideológicos radicais e/ou sem conexão com a verdade.   

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

20/09/2024 a 26/09/2024


Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.

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segunda-feira, 23 de setembro de 2024

DE QUEM É A CULPA? (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Dentro do esperado, o Copom, por unanimidade, aumentou a taxa Selic na semana passada, passando a mesma para 10,75% anuais. E a tendência, nas próximas duas reuniões que encerram o ano de 2024, é de novos aumentos da mesma magnitude. Se isso vier a ocorrer a Selic fecha o ano em 11,25%, bem distante da expectativa inicial de 9% que se tinha. E muito distante do chamado juro neutro (contém a inflação e não freia o crescimento econômico) que estaria, hoje, ao redor de 5% anuais. Muito são os motivos, tanto externos quanto internos, que levam a este comportamento do Banco Central. Um deles é o sabido descompasso nas contas públicas, razão central da pressão inflacionária, cuja contenção dentro da meta (o teto atual é 4,5% ao ano) é o mandato principal do Banco Central brasileiro. Outro elemento, menos conhecido, também de natureza estrutural, precisa ser levado em conta. Trata-se do fato que a capacidade de crescimento do Brasil, hoje, empregando os recursos disponíveis sem gerar uma pressão inflacionária, fica próxima de 2%. Ou seja, toda a vez que a demanda aquece um pouco mais (na atualidade estimulada pelas políticas sociais do governo), por falta de produtividade do trabalho e do capital, geramos inflação indesejada. Ou ainda, o país não pode crescer, anualmente, acima de 1,8% a 2%, sem gerar inflação superior ao desejado. E, ao ocorrer isso, eleva-se o juro básico para contê-la, fato que também freia a economia e o círculo vicioso se estabelece. Ora, este nível de crescimento é muito abaixo dos 4% que precisamos para dar conta das necessidades do país. Assim, se não atacarmos os problemas estruturais graves que temos: controle adequado das contas públicas e aumento da produtividade do trabalho, via uma profunda melhoria na formação dos brasileiros, estaremos fadados, para convivermos com uma inflação “civilizada”, a coexistir com juros elevados, inibidores do crescimento. Isso considerando que crescimento, com inflação descontrolada, nunca foi o caminho (nossa história mostra isso). Assim, um país rico, com enorme potencial de crescimento e futuro desenvolvimento, como o nosso, se vê historicamente travado no subdesenvolvimento porque a sociedade que aqui vive se mostra incapaz (em muitos casos desinteressada) em gerar as condições sustentáveis de mudança para melhorar.     

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 13/09/2024 a 19/09/2024


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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

ENVELHECIMENTO, PRODUTIVIDADE E DESENVOLVIMENTO (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

A partir da grande crise econômico-financeira de 2007/08 a humanidade entrou na fase da globalização 3.0, onde se cristalizou que o mercado e o Estado não são excludentes, fato confirmado pelos efeitos econômicos gerados durante a pandemia e, agora, no pós-pandemia. Esta realidade reforçou o papel da produtividade do trabalho e da inovação na busca pelo desenvolvimento socioeconômico. Esse caminho, como sempre na história universal, gera ganhadores e perdedores. Os perdedores, geralmente optam pelo caminho mais fácil, escolhendo medidas e governos populistas em busca de soluções. Um enorme erro estratégico que o leva a Nação a afundar na crise. O que precisamos é trilhar o caminho da geração de um crescimento econômico sustentável que alavanque o desenvolvimento, cientes de que entramos em um contexto em que a força de trabalho diminui. Assim, somos obrigados a aumentar a produtividade do trabalho e do capital. Afinal, “é o trabalho das pessoas que gera riqueza em um país, salientando que não se trata de trabalhar mais tempo, mas de gerar mais valor no mesmo tempo” (cf. Mattos, ZH-30/08/24). Ora, a melhoria da produtividade, na conquista do crescimento e do desenvolvimento, tem na ação de inovar um dos elementos centrais. E, para termos condições de inovar é preciso que a formação técnica, a educação das pessoas em geral, aumentem significativamente. Nos últimos tempos, o Brasil vem enfrentando um dos maiores crimes econômicos que uma Nação pode sofrer: parte da sociedade, puxada por determinados setores públicos, desdenhar da ciência e da formação das pessoas, nos condenando a um atraso estrutural. Considerem que temos uma das produtividades do trabalho mais baixas do mundo; “considerem que o Brasil é um país que tem a maior parte do seu PIB concentrada no setor de serviços, altamente dependente de trabalho; e considerem, ainda, que o Brasil está envelhecendo rapidamente como os dados oficiais indicam. Como, então, vamos manter crescimento econômico se teremos menos pessoas e estas pessoas produzem muito pouco, pois geralmente mal preparadas?” (cf. Mattos, ZH-30/08/24). Nestas condições, é muito factível, dentro de 30 anos, sermos um país de velhos e pobres. Este é um dos nossos principais desafios ao desenvolvimento.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 06/09/2024 a 12/09/2024


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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

PIB: EUFORIA E ALERTAS (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

O resultado do PIB do segundo trimestre de 2024 é para ser comemorado. Afinal, após as enchentes no Rio Grande do Sul e a perda de força da agropecuária no país, se imaginava um PIB entre 0,9% e 1%. O mesmo veio em 1,4%, acumulando em 12 meses 2,5%. A importância é tamanha que, se a cada trimestre a economia rodasse no nível atual, poderíamos fechar o ano em 5,7%, ou seja, largamente acima dos 4% calculados como necessários em um horizonte de sustentabilidade. No detalhe, viu-se que a indústria e os serviços responderam bem. Além disso, a Formação Bruta de Capital Fixo, ou seja, os investimentos, que apontam nossa capacidade futura de continuar crescendo, melhorou mais uma vez, registrando aumento de 2,1% em relação ao trimestre anterior e 5,7% sobre o 2º trimestre do ano passado. Ao mesmo tempo, o consumo das famílias voltou a auxiliar no empuxe do PIB ao registrar crescimento de 1,3% sobre o trimestre anterior e 4,9% sobre o mesmo trimestre de 2023. Assim, já se projeta um PIB final em 2024 entre 2,5% e 3% de avanço sobre o ano anterior. Isso vai eliminando a hipótese de que, dada à pandemia, crise fiscal, crises externas etc. pudéssemos viver uma nova década perdida entre 2021 e 2030. Ainda é cedo para certezas, porém, a fotografia dos primeiros quatro anos está longe de ser ruim, embora ainda insuficiente. Mas, há sinais de alerta! O consumo das famílias se dá especialmente pelas políticas públicas de formação de renda (bolsa família e outras), embora a geração de emprego igualmente esteja melhorando. Ou seja, o mesmo está apoiado, em boa parte, no fato de que “o governo está se endividando para trazer receita futura para o presente, para gastar mais”. Há risco de isso impedir um crescimento sustentável nos próximos anos. Por sua vez, a produção industrial ainda está longe de dar conta da demanda que surge com a melhoria da renda. Nos últimos oito trimestres, a contribuição deste setor para a taxa real de crescimento ficou em apenas 0,55% em termos médios. Ou seja, mais demanda, sem produção suficiente, é igual a mais inflação, fato que conforta a lógica de um aumento da Selic ainda neste ano, talvez acima do que se imagina. Enfim, a indústria iniciou o segundo semestre em queda (crescimento negativo de 1,4% em julho, se constituindo no pior resultado para o mês desde 2021).

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 30/08/2024 a 05/09/2024


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segunda-feira, 2 de setembro de 2024

SELIC VAI SUBIR (?) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

No próximo dia 18/09 o Copom encerra mais uma reunião com o anúncio da taxa Selic. Duas são as possibilidades: manutenção da mesma em 10,5% anuais ou passá-la para 10,75%. Nota-se que não se cogita mais reduções na taxa para este ano. E isso, mesmo com a possibilidade de o Banco Central dos EUA reduzir a taxa básica dos juros naquele país na mesma semana, algo que permitiria um alívio por aqui. O que estaria ocorrendo? O principal motivo é que nossa inflação bateu no teto da meta, no acumulado de 12 meses, em julho passado (4,5% pelo IPCA). Sendo o controle inflacionário um dos principais pontos de ação de nosso Banco Central, a política monetarista do mesmo usa o juro como arma para segurar os preços. Ocorre que estes estão sendo pressionados por uma desvalorização do Real acima do normal. Neste momento chegando a mais de 10%. Ou seja, dentro da lógica de Paridade de Poder de Compra, nossa moeda deveria retornar aos R$ 4,80–R$ 5,00 por dólar, o que não está ocorrendo. Pesa contra isso o desajuste fiscal nacional e as contradições do governo a respeito. Com o cumprimento das metas do arcabouço fiscal a perigo, o mercado continua apostando contra o Real. Assim, além de vender reservas em dólares, visando segurar o câmbio (nestes últimos dias o BACEN voltou a usar esta estratégia), uma possível alta da Selic, impensável no início do ano, volta a ser provável. Parte do mercado já cogita terminarmos 2024 ao redor de 10,75% e atingir a 11,5% em 2025. Este será o grande desafio do novo presidente do Banco Central no próximo ano: seguir uma política monetarista mais rígida ou ceder às pressões do executivo para afrouxar o controle da inflação baixando o juro. Por enquanto, entre o discurso e a prática do novo escolhido (Gabriel Galípolo) o mercado ainda liga o “desconfiômetro”. Por sua vez, o governo espera que o Real volte a se valorizar até o final de setembro, a partir do movimento dos juros nos EUA (baixar) e no Brasil (manter ou aumentar), fato que ajudaria no combate à inflação. Lembrando que, mesmo nosso juro real sendo muito alto (6% ao ano), parte do mercado considera que, se o objetivo é trazer a inflação anual para o centro da meta (3%), será preciso elevar a Selic para além de 11%. Os próximos movimentos do BACEN nos dirão qual o caminho escolhido e suas consequências.


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