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segunda-feira, 8 de setembro de 2025

UMA NOVA GEOECONOMIA (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Considerando que a geoeconomia pode ser definida como “o estudo que une economia e geografia, analisando como fatores espaciais, temporais e políticos influenciam a economia e as relações de poder internacionais”, tem-se que a mesma se utiliza da economia como ferramenta de poder, com o objetivo de influenciar ou alcançar metas geopolíticas, através de instrumentos como tarifas comerciais, sanções e acordos comerciais. Ora, as ações protecionistas, do atual governo estadunidense, aceleram aquilo que já se verificava: o mundo vem se tornando cada vez mais protecionista, com todo o prejuízo que isso causa ao comércio internacional e aos países em geral. Com ela os custos de produção aumentam, os preços sobem e a inflação geral avança. Além disso, assiste-se a um movimento de globalização seletiva, onde as empresas saem de países referência (China, por exemplo), porém, não retornam aos seus países de origem (por serem muito caros), preferindo se estabelecer em países menores, ainda baratos (grande parte na Ásia). Em tal contexto, o mundo se reagrupa em torno de outras frentes (BRICS, acordo Mercosul-UE etc), com os EUA perdendo espaço e a China ganhando uma dimensão ainda maior, agora também no contexto geopolítico e geoeconômico. Aquilo que se conquistou desde 1990, apesar que de forma desigual, com a globalização impulsionando os diferentes setores produtivos mundiais, gerando uma interdependência global, perde tração. O protecionismo, ainda mais seletivo e nefasto, ocupa este espaço, atingindo todos os setores, incluindo as políticas ambientais (bens fundamentais para o avanço da energia renovável ficam muito mais caros, além da desorganização dos novos fluxos comerciais construídos em favor do meio ambiente). Na essência temos uma “guerra tecnológica” por onde os EUA tentam reduzir o avanço tecnológico da China, fazendo o mundo inteiro pagar a conta. Nesta nova geoeconomia, o forte crescimento do comércio mundial dos últimos 80 anos, apoiado pela redução do protecionismo, internacionalização da produção, e criação de cadeias de valor, fica comprometido. As economias de países emergentes (Brasil, por exemplo) e outros mais pobres serão muito atingidas. E dentro delas o setor agropecuário e as cadeias de suprimentos, especialmente as ligadas aos alimentos.    

 

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