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segunda-feira, 9 de junho de 2025

PIB RESILIENTE: COMO E ATÉ QUANDO (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

O PIB do primeiro trimestre de 2025 cresceu 1,4% em relação ao trimestre anterior. Quando comparado ao mesmo trimestre de 2024 o crescimento é de 2,9%. Desta maneira, o carregamento, para o conjunto do ano, permite apontar um PIB final de 2% (contra 3,4% em 2024). Ou seja, a contração estaria começando, mas o crescimento resiste. Por enquanto, o que se tem de boas notícias, e suas ressalvas, é que o consumo das famílias continua positivo. A ressalva é que o mesmo mantém uma inflação elevada (na prévia de maio o acumulado de 12 meses veio a 5,4%, contra o teto da meta de 4,5%), induzindo a não se descartar um novo aumento da Selic na próxima reunião do Copom, dias 17 e 18 de junho, agora de 0,25 ponto percentual, passando o acumulado de 12 meses para 15% (a maior taxa desde julho de 2006). Além disso, o consumo das famílias se mantém, em boa parte, puxado pelas medidas sociais públicas de apoio à renda. Embora necessárias, elas ajudam a aumentar o déficit fiscal, problema sério e recorrente que o país enfrenta. Soma-se a isso o fato que foi a agropecuária que puxou o PIB do trimestre, pois o resultado da safra de grãos, positiva em termos de país, é contabilizado no primeiro trimestre. Não haverá isso, nesta dimensão, nos semestres seguintes. Ainda se torna muito importante frisar que os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), cresceram 3,1% no trimestre e 9,1% em relação ao primeiro trimestre de 2024. Se este resultado conforta a ideia de que a produção industrial tende a melhorar e, com isso, puxar os PIBs futuros, a ressalva é que a taxa de investimento (FBCF/PIB) continua baixa, em 17.8%, e que o resultado do trimestre foi influenciado pela importação de uma plataforma de petróleo. Pelo sim ou pelo não, considerando a média dos últimos 15 trimestres (em relação ao trimestre anterior), que está ao redor de 0,8%, o crescimento dos primeiros três meses de 2025 é bastante positivo. Entretanto, como se sabe, os efeitos de mudanças na Selic levam, pelo menos, seis meses para atingir a economia real (a Selic fechou 2024 em 12,25%, foi a 14,25% no final de março/25, chegando hoje a 14,75%). Assim, a lógica aponta para uma freada no PIB logo adiante. Mas, 2026 é ano de eleição, por onde se tentará manter o PIB resiliente, mesmo que isso venha a gerar mais inflação, juros e crise fiscal.

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