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segunda-feira, 21 de abril de 2025

PREÇO DA SOJA REAGE POUCO (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Considerando os diferentes acontecimentos mundo afora, os preços da soja, no Rio Grande do Sul, reagiram pouco até o momento. Começando com mais uma frustração de safra, ao redor de 50% (sem falar na baixa qualidade do grão colhido), passando por um câmbio onde o Real está bem mais desvalorizado (entre os dias 1º de março e 17 de abril, em 2024, o mesmo ficou na média de R$ 5,02 por dólar; em 2025 esta média ficou em R$ 5,78, ou seja, uma desvalorização de 15,1% no período), e terminando com a nova guerra comercial iniciada pelos EUA, a qual atinge a China e suas importações de soja estadunidenses, elevando os prêmios nos portos brasileiros (em 17 de abril o prêmio médio em Paranaguá foi de US$ 0,79/bushel para maio/25, contra menos US$ 0,10 um ano antes), vimos que a média gaúcha fechou a semana passada em apenas R$ 128,31/saco, enquanto importante praças locais ficaram em R$ 126,00 ao produtor, no interior. Nesta mesma época, um ano antes, a média gaúcha foi de R$ 119,50/saco, com as principais praças pagando R$ 119,00. Ou seja, em termos médios o aumento nominal é de 7,4%. Se considerarmos ainda a inflação do período (5,48% nos últimos 12 meses encerrados em março/25, o ganho real não chega a 2%. No restante do país, os preços médios, nas principais praças pesquisadas, um ano antes estavam entre R$ 107,00 e R$ 113,00/saco. Na semana passada estavam entre R$ 107,00 e R$ 124,50/saco, com apenas algumas praças conseguindo ganhos acima da inflação oficial. O que estaria ocorrendo? Algumas explicações podem ser avançadas. Em primeiro lugar, a safra brasileira, mesmo com a forte quebra gaúcha, deve se configurar recorde, com aumento de 9,8% sobre o ano anterior (segundo a Abiove, a produção de soja 2024/25 deverá alcançar 169,6 milhões de toneladas, contra 154,4 milhões um ano antes). Em segundo lugar, as cotações em Chicago recuaram bastante no período. A média dos primeiros 17 dias de abril de 2024, para o primeiro mês cotado, foi de US$ 11,70/bushel, contra US$ 10,20 no mesmo período de 2025. Ou seja, um recuo de 12,8%. Em terceiro lugar, a China já comprava muita soja do Brasil (cerca de 75% de nossas exportações da oleaginosa vão para o país asiático), não havendo muito espaço para compras adicionais, mesmo diante da guerra tarifária imposta por Trump (os chineses não deixarão de comprar soja dos EUA, mesmo que o volume diminua). Além disso, a qualquer momento um acordo entre EUA e China poderá ocorrer nesta área comercial. Enfim, os descontos médios das empresas compradoras de soja no RS (despesas de comercialização e margem de ganho) entre o valor bruto e aquele oferecido ao produtor, que chegaram a 6,9% em abril de 2024, passaram a 8,4% atualmente. Pelo sim ou pelo não, o fato é que os preços gaúchos da soja, nesta safra, estão longe de pagar os prejuízos provocados por mais uma seca, gerando enormes problemas financeiros (mais uma vez) aos sojicultores locais. Aliás, os atuais preços nacionais, mesmo para quem obteve safra normal, considerando o custo de produção total, estão pouco interessantes.   

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