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segunda-feira, 28 de abril de 2025

O EMPREGO E SUA QUALIDADE (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Não é de hoje que estamos alertando para o fato de que a atual geração de emprego, se é positiva pois em crescimento, tem seu lado negativo pois carece de qualidade. Estudo coordenado por Nelson Marconi (Conjuntura Econômica, FGV, março/25 – pp. 30-36) confirma esse alerta. Hoje, a taxa de desemprego no país é uma das mais baixas, com 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro/25 (a média de 2024 foi de 6,9%). Comparando com 12 anos atrás (2012), quando a taxa média estava em 7,4%, o estudo foi orientado pela análise da demanda de emprego “buscando identificar quem contrata e para que tipo de ocupação, apontando às habilidades requeridas no mercado de trabalho, olhando o comportamento do emprego e remunerações em setores e ocupações”. A partir daí, as principais conclusões do estudo foram: 1) “o crescimento atual do emprego, no setor privado, mostra maior polarização e precariedade em termos salariais”; 2) entre 2012 e 2024, os salários relativos que aumentaram estão nos setores que mais prosperaram nos últimos anos, como finanças, tecnologias e serviços digitais e agropecuária (ainda que, neste último, os patamares salariais permaneçam muito baixos); 3) 65% no número de pessoas ocupadas no setor privado deu-se em combinações que praticam salários relativos baixos; 4) o dado que aponta a precarização que ocorreu no mercado de trabalho do setor privado, ao longo do tempo no Brasil, é a concentração do crescimento do emprego em combinações de setores/grupamentos ocupacionais em que se observam salários relativos baixos; 5) o mercado de trabalho encontra-se tão aquecido quanto em 2012, mas com características mais precárias, pois os empregos criados são de menor qualidade considerando como critério de análise o salário relativo praticado, e mesmo a remuneração para as ocupações que demandam trabalhadores mais qualificados diminuíram em termos relativos; 6) a perda de dinamismo do setor produtivo, dada a redução de setores industriais relevantes e a timidez dos investimentos em setores de serviços tecnologicamente mais sofisticados, contribuem para esse quadro. Essa realidade explica, em boa parte, o alto endividamento e inadimplência da população brasileira e escancara o custo dos baixos índices de qualificação e ensino no país. 

  

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