A desvalorização desproporcional do Real está auxiliando na pressão inflacionária que vivemos atualmente, pois as importações têm sido usadas para preencher a lacuna interna gerada por uma demanda em crescimento diante de uma oferta insuficiente. Na incapacidade de trazer o câmbio para o normal (algo entre R$ 4,80 e R$ 5,00 por dólar), o juro básico elevado continuará sendo a arma para segurar a alta dos preços. Para se ter uma ideia, o câmbio saiu de R$ 4,86 no final de 2023 para R$ 5,70 no dia 21/10, após R$ 5,66 no final de julho/24. Os motivos desse movimento de desvalorização são de natureza externa e interna ao nosso país. A questão principal é definir o peso dos fatores externos e internos. Não sem razão, se culpa muito os fatores externos, como a pandemia entre 2020 e 2022; a guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada em 2022; os juros elevados nos EUA; a firmeza do dólar perante as moedas dos países emergentes e assim por diante. Mas, e os fatores internos, que papel assumem neste cenário? Pois recente estudo, proporcionado por pesquisadores da FGV (cf. Conjuntura Econômica, agosto/24, pp. 12-15), mostra que nesta atual desvalorização do Real, os fatores internos estão sendo decisivos. Toda a vez que um menor comprometimento oficial com o ajuste fiscal se cristaliza, o risco país se eleva (e os discursos políticos são abundantes neste sentido). Diante disso, a partir do estudo tem-se que entre o final do ano passado e o dia 21/10 a desvalorização de nossa moeda atingiu a significativos 17,3% ou quase um Real por dólar. Tal movimento, neste período, tem os fatores internos como principal causa, pois o risco país piorou nestes 10 meses de 2024. A piora foi de 11,6% (19,8 pontos percentuais da piora seria por fatores internos, reduzidos pelos 8,2 pontos que vieram dos fatores externos, os quais diminuíram o risco país no período). Em síntese: “toda a desvalorização do Real no corrente ano deveu-se a fatores domésticos (internos).”. Assim, poderíamos trazer o câmbio para patamares adequados, reduzindo a inflação e baixando o juro básico, o que alavancaria o crescimento pelo aumento da produção. Mas para isso, o conjunto do governo (executivo, legislativo e judiciário) precisa efetivamente realizar profunda correção fiscal nas contas públicas. Solução existe, a questão é abandonar o discurso e partir para ações concretas!
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