Aquilo que se temia
aconteceu. O governo federal construiu um arcabouço fiscal (âncora) muito
ousado e de difícil realização. Menos de um ano depois já se vê obrigado a
alterar as metas. Um dos motivos: a base do mesmo é o aumento na arrecadação.
Ora, a economia não avança o suficiente para dar conta do desafio. Soma-se a
isso o lento avanço da reforma tributária e, principalmente, a continuidade no
aumento dos gastos públicos. Agora, apesar de manter a meta de déficit zero
para 2024, sabe-se que o mesmo deverá ser de, pelo menos, 0,5% do PIB. E os
anos futuros? Para 2025 não se prevê mais um superávit fiscal de 0,5% do PIB e
sim 0%; e o superávit de 1% para 2026 foi reduzido para apenas 0,25%. Além
disso, para o cumprimento da meta, o pagamento de precatórios ficará de fora do
cálculo, embora seja uma despesa concreta. Por outro lado, existe grande preocupação
com os gastos obrigatórios, que consomem mais de 90% do orçamento e não param
de crescer. Gastos que, em parte, sustentam uma minoria de privilegiados no
Estado brasileiro às custas dos demais funcionários públicos, da população e do
sistema produtivo em geral. Agora mesmo avança a possibilidade de aprovação de
um penduricalho aos elevados salários das carreiras da magistratura, com efeito
cascata para outras instâncias deste poder. Trata-se de um adicional de 5% por
tempo de serviço, a cada cinco anos, até chegar ao teto constitucional de 35%.
Isso sobre um salário mensal limite de R$ 44.008,52. E, pasmem, o adicional vem
como verba indenizatória, sendo acrescido à remuneração sem entrar no
abate-teto. O rombo nas contas públicas, dessa medida, segundo o Executivo,
ultrapassaria R$ 80 bilhões. Soma-se a isso a questão da previdência, que
continua com déficit crescente, exigindo nova e mais ampla reforma e por aí
vamos. Resultado: desvalorização do Real; logo adiante pressão sobre a
inflação; interrupção na redução da Selic (e potencial para voltar a
aumentá-la); economia que trava ainda mais; menos geração de emprego;
empobrecimento geral da população. Menos, é claro, para as castas privilegiadas
que historicamente se beneficiam desta estrutura brasileira de distribuição da
riqueza. Estas são questões a serem debatidas, e não os temas estéreis,
alimentados por fake news, que
geraram essa polarização política medíocre que hoje temos.
:)
Pesquisar
segunda-feira, 29 de abril de 2024
META FISCAL MODIFICADA: O VERDADEIRO DEBATE (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)
Postagens Anteriores
- maio (4)
- abril (9)
- março (8)
- fevereiro (8)
- dezembro (7)
- novembro (8)
- outubro (9)
- setembro (8)
- agosto (9)
- julho (9)
- junho (9)
- maio (9)
- abril (8)
- março (9)
- fevereiro (7)
- dezembro (6)
- novembro (8)
- outubro (9)
- setembro (9)
- agosto (9)
- julho (8)
- junho (9)
- maio (9)
- abril (8)
- março (9)
- fevereiro (7)
- dezembro (6)
- novembro (9)
- outubro (8)
- setembro (9)
- agosto (9)
- julho (9)
- junho (8)
- maio (9)
- abril (9)
- março (9)
- fevereiro (6)
- dezembro (7)
- novembro (9)
- outubro (9)
- setembro (8)
- agosto (9)
- julho (9)
- junho (9)
- maio (8)
- abril (9)
- março (9)
- fevereiro (6)
- dezembro (6)
- novembro (8)
- outubro (10)
- setembro (8)
- agosto (9)
- julho (9)
- junho (8)
- maio (10)
- abril (8)
- março (8)
- fevereiro (6)
- dezembro (7)
- novembro (8)
- outubro (10)
- setembro (8)
- agosto (10)
- julho (8)
- junho (9)
- maio (9)
- abril (8)
- março (9)
- fevereiro (7)
- dezembro (6)
- novembro (10)
- outubro (8)
- setembro (8)
- agosto (10)
- julho (8)
- junho (10)
- maio (8)
- abril (7)
- março (11)
- fevereiro (6)
- dezembro (8)
- novembro (8)
- outubro (8)
- setembro (10)
- agosto (8)
- julho (10)
- junho (8)
- maio (8)
- abril (8)
- março (10)
- fevereiro (6)
- dezembro (9)
- novembro (8)
- outubro (10)
- setembro (8)
- agosto (8)
- julho (10)
- junho (8)
- maio (8)
- abril (10)
- março (9)
- fevereiro (8)
- dezembro (7)
- novembro (9)
- outubro (9)
- setembro (9)
- agosto (8)
- julho (11)
- junho (11)
- maio (15)
- abril (14)
- março (16)
- fevereiro (12)
- dezembro (8)
- novembro (13)
- outubro (11)
- setembro (13)
- agosto (14)
- julho (12)
- junho (16)
- maio (10)
- abril (3)