O Produto Interno Bruto (PIB), indicativo da soma da produção bruta do país em 2022, veio em 2,9%. De um lado, confirmou as últimas estimativas existentes, de outro lado surpreendeu positivamente em relação as estimativas feitas no início do ano passado. Isso significa dizer que a economia caminhou bem melhor do que o esperado inicialmente. Dito isso, abrindo os números do indicador, tem-se uma série de informações que exigem atenção. Pelo lado positivo: 1) foi o setor de serviços que puxou a economia. Indústria e agropecuária pouco ajudaram, sendo que esta última, inclusive, ficou no negativo. A recuperação pós-pandêmica nos serviços continuou no ano passado, já que havia sido o setor que mais sofreu com a mesma. 2) o consumo das famílias, auxiliado particularmente pelas medidas de apoio do Estado e ações pontuais, eleitoreiras, no segundo semestre, cresceu 4,3%, sustentando parte dos serviços. Pelo lado negativo: 1) a formação bruta de capital fixo (investimentos), que indica o potencial de crescimento futuro, cresceu muito pouco, ficando em apenas 0,9%. 2) a evolução do PIB, nos trimestres do ano passado, indica uma forte e constante desaceleração, passando de 1,3% no primeiro trimestre para -0,2% no quarto trimestre. Isso indica, neste momento, que a possibilidade de um PIB menor em 2023 é muito concreta. Especialmente porque o setor de serviços teria esgotado seu potencial de crescimento recuperativo. Sobretudo porque o mesmo foi feito sobre alto endividamento das famílias e empresas, sendo que parte importante destas entrou em inadimplência neste início de ano. Além disso, a inflação em geral não cede o suficiente, particularmente no setor de alimentos. Com isso, o Banco Central se vê obrigado a manter a taxa de juros elevada (13,75% ao ano), o que inibe o próprio crescimento. Aposta-se que, com a ajuda do clima (o que já não ocorreu no Rio Grande do Sul), a agropecuária venha a compensar, em parte, a desaceleração dos serviços em 2023. Mas isso, se vier, será pouco. É preciso que o governo atual mostre firmeza no combate ao desarranjo fiscal histórico que temos, para inverter as expectativas do mercado e permitir que o Banco Central encontre espaço para reduzir a Selic de forma consistente e durável. Por enquanto, as projeções do PIB, para 2023, permanecem ao redor de apenas 0,8%.
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