Argemiro Luís Brum
15/08/2019
Na coluna passada indicamos que, diante dos
desafios existentes, os esforços até aqui em realização para “despiorar” a
economia, embora positivos, ainda são insuficientes. Na oportunidade, passamos
a elencar a realidade que temos visando demonstrar o tamanho dos problemas a
serem vencidos. Três foram então apontados e outros 10 indicamos a seguir: 1)
no Brasil, segundo o BID, a previdência consumiu 12,5% do PIB em 2015 e, se não
houver uma reforma consistente rapidamente, esse número saltará para 50,1% em
2065 (os jovens de hoje não terão previdência pública quando chegar a idade); 2)
não admira que, em tais condições, a pobreza tenha aumentado no país entre 2014
e 2017 (segundo o Banco Mundial, 21% da população terminou 2017 na pobreza); 3)
a taxa de investimentos, nos últimos quatro anos, ficou em 15,5% do PIB, a
menor em 50 anos, sendo que, em 2018, 152 países de um total de 172 estudados
tiveram taxa maior do que a brasileira, segundo o FMI; 4) o Brasil hoje ocupa o
72º lugar, dentre 140 nações, no ranking de competitividade; 5) também pudera,
levamos quase quatro anos e meio entre a assinatura de um acordo de
livre-comércio e sua entrada em vigor devido a burocracia (hoje temos 35
acordos parados nesta situação), segundo a Camex; 6) com isso, a participação
brasileira na produção de bens e serviços do mundo caiu ao nível mais baixo ao
longo de quase quatro décadas (a mesma era de 4,4% em 1980, fechando em 2,5% em
2018); 7) em termos de infraestrutura, segundo o Fórum Econômico Mundial,
estamos na 108ª posição, entre 137 países; 8) enquanto isso, a carga tributária
no país chega a 35% do PIB, ou seja, na média cada brasileiro recolheu, em
impostos, R$ 11.494,00 em 2018, recebendo em troca serviços públicos de péssima
qualidade, pois tais recursos se direcionam especialmente para manter
privilégios encastrados no Estado (sendo que a tabela de retenção do imposto de
renda na fonte está hoje com uma defasagem ao redor de 100%); 9) ficamos no 66º
lugar, entre 129 países, no ranking do desempenho em inovação, com 33,8 pontos
em uma escala que vai até cem pontos; 10) enfim, no curtíssimo prazo, o
fantasma de nova greve dos caminhoneiros continua pairando sobre a economia
nacional. Apesar da imensa tarefa, é possível melhorar, porém, ajudará muito se
o Presidente da República, e alguns de seus ministros, pararem com suas declarações
irresponsáveis, deixando o lado sério do governo trabalhar.